ATENÇÃO REDOBRADA COM OS ENJOOS DA GRAVIDEZ

Belo Horizonte – A hiperêmese gravídica tornou-se mais noticiada depois de levar ao hospital, em Londres, em dezembro, a duquesa de Cambridge, Kate Middleton, com  náuseas que não deixavam nada parar no estômago. A cantora Ivete Sangalo chegou a perder um bebê em 2008 pelo mesmo motivo. A doença é rara, um caso em cada 500 partos, mas, quando diagnosticada, exige internação e acompanhamento de perto. Mais de 55% das mulheres que engravidam têm êmese gravídica, caracterizada pelas crises de vômito no início da gestação, entre a quarta e a sexta semana. Elas ficam mais intensas da oitava até a 12ª semana e cessam no começo do quarto mês. De acordo com a literatura médica, o mal-estar é mais frequente nas ocidentais do que nas orientais e nas africanas, mas a razão dessa maior incidência é desconhecida.

A ginecologista e obstetra Nilce Consuelo Verçosa, do Hospital da Mulher e Maternidade Santa Fé, em Belo Horizonte, explica que a êmese gravídica se diferencia da hiperêmese gravídica pela intensidade de sintomas. A leve melhora com dieta e uso de remédios antieméticos, próprios para enjoo e vômitos transitórios. A média é marcada pela perda de peso, ainda que pouco importante, já que a paciente consegue se alimentar, e também é tratada com medicamento.  A forma grave ocorre quando o vômito é persistente, obrigando ao jejum e acabando por determinar alterações metabólicas importantes. A mulher não ingere nada e ainda vomita.

“A paciente fica com face e olhos encovados (olheiras), língua saburrosa (áspera e seca) e pode até chegar a um quadro de hipotensão arterial, que acarreta grave desidratação, diminuição na quantidade de urina, apatia e letargia. Nesse caso, a hospitalização é obrigatória. Há ainda o risco de choque, um quadro apático com alterações metabólicas graves”, explica Verçosa. A hiperêmese gravídica está relacionada também com a perda de peso, que pode ser de 6% a 8% do peso inicial da gestante.

Verçosa explica que a prevenção da hiperêmese gravídica é o pré-natal feito desde o início da gestação, o que vai dar à mulher condições de ter um diagnóstico antecipado, impedindo, assim, que um quadro mais grave se desenvolva e o tratamento seja eficaz. “Ela é mais rara do que já foi. A diminuição de casos deve-se ao uso de medicamento eficiente, a uma melhor assistência pré-natal e ao emprego adequado da psicoterapia.”

Segundo a obstetra, a hiperêmese gravídica pode levar à morte tanto a paciente quanto o feto. “No entanto, é raríssimo”, reforça. O óbito só acontece se o quadro for muito grave e se a mulher não receber a devida atenção. Como o distúrbio começa com enjoos comuns, é preciso prestar atenção no agravamento do problema. “São comuns (os vômitos), mas não são normais. A mulher precisa procurar paliativos para não agravar”, alerta. Verçosa indica alguns fatores que aumentam a probabilidade de desenvolvimento da hiperêmese gravídica: obesidade, gestação com mais de um feto, hipertireoidismo e filhas de mães que tiveram a doença. Ainda que não esteja comprovado, fatores emocionais também são apontados e discutidos como possíveis causas do problema.

Hidratação

Com diagnóstico fechado, Nilce Verçosa enfatiza a importância da rápida internação. No hospital, a paciente vai precisar ser hidratada, ter repouso absoluto, fazer dieta ou jejum nas primeiras 24 ou 48 horas ou enquanto persistirem os vômitos, ser submetida a sedação leve e  receber medicação antiemética. “Em geral, o prognóstico é bom para mãe e feto e sem consequências para o desenvolvimento da gravidez.” Mas ela alerta que, depois do episódio de hiperêmese gravídica, é preciso vigiar a gestante mais de perto, “já que complicações da gestação podem acontecer e a pré-eclâmpsia pode ser mais frequente”. É preciso ter cuidado para não interromper o tratamento porque a reincidência também se dá.

De acordo com a  especialista, existem outras doenças que podem causar náusea e vômito e precisam ser investigadas antes do diagnóstico de hiperêmese gravídica, como infeção urinária, apendicite, hepatite, hipertireoidismo, colecistite e a hipersialorreia.

55% das grávidas têm a êmese gravídica, caracterizada por crises de vômito mais leves no início da gestação

Saliva excessiva

Também desenvolvida no primeiro trimestre da gravidez, a hipersialorreia tem origem desconhecida e é caracterizada pelo aumento do volume de saliva. Excepcionalmente, pode ser patológica e representar uma moléstia do ponto de vista social, já que obriga a paciente a cuspir durante todo o dia. Há casos em que a mulher chega a eliminar até dois litros de secreção (cuspe) por dia.

Mal-estar recompensador

“Foi um horror. Mas tive duas bênçãos. Passaria por tudo de novo.” Assim, a psicóloga e enfermeira Ivana Rocha começa a retratar o sofrimento pelo qual passou ao desenvolver o quadro de hiperêmese gravídica. Na primeira gestação, de Ana Júlia, hoje com 12 anos, ela ficou 30 dias sentindo muito mal-estar em casa. Ela lembra que só vomitava quando escovava os dentes e, por isso, “só escovava uma vez por dia”. Para Ivana, além de lidar com o incômodo do enjoo, a indisposição e o mal-estar “duravam as 24 horas do dia”. Para piorar, ela precisou encarar a hipersialorreia, síndrome da quantidade excessiva de saliva. “Não foi preciso medicação e tudo ocorreu no início da gravidez, entre a oitava e a nona semana”, conta.

Mas na chegada da caçula, Luiza, agora com 7 anos, Ivana encarou uma batalha ainda mais terrível, já que sofreu novamente com a hipersialorreia, que desencadeou a hiperêmese gravídica: “Não sabia que tinha glândulas salivares. Vivia com toalha de rosto dentro da boca. Depois, passei para a de banho. Um desespero. Era difícil tomar banho porque tudo me enjoava, até a água, a cara das pessoas, os cheiros, enfim, quase tudo me fazia vomitar”. Foram 40 dias lutando contra esse quadro. Por causa da quantidade enorme de saliva, ela foi internada duas vezes, além de ter ido parar no pronto-socorro outras duas para receber soro e remédio antiemético. “Só melhorava no hospital. O sofrimento foi tanto que a parede do esôfago lesionou e uma vez cheguei a vomitar sangue.”

Goma de mascar 

Uma dica salvadora para Ivana, além do tratamento com medicamentos, surgiu na segunda internação no Hospital da Mulher e Maternidade Santa Fé, em Belo Horizonte, e partiu de uma técnica simples em enfermagem. Ela conta que foi orientada a mascar chicletes. “Troquei a toalha pelo chiclete, já que com ele engolia a saliva e o enjoo passava. Somado ao efeito dos remédios, melhorei aos poucos, voltei a trabalhar e restabeleci todas as minhas atividades. É importante dizer que depois dos 40 dias de sufoco minha gravidez foi supernormal, tranquila. Tudo foi apagado com o nascimento dos meus dois amores”. (LM)

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